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Mostrando postagens com o rótulo ficção

Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis | Resenha

Inicio essa resenha questionando minha capacidade de fazê-la, mas não me obstruindo, previamente, a publicá-la. Isso porque, uma das virtudes da minha nova “edição humana”, como teoriza Machado de Assis com as memórias de seu personagem Brás Cubas, valoriza os processos e, por mais que não consiga ficar sem atualizações intermediárias, encontra-se em sua terceira edição. Antes de fazer essa leitura, estudei sobre o autor e sobre as perspectivas da crítica literária, haja vista que essa é uma obra marcada por uma estética a qual faço pouco domínio técnico, e que é muito representativa para o escritor reconhecido positivamente pela crítica internacional. Volto-me, para estudar as obras machadianas, a “Memórias póstumas de Brás Cubas”, primeira obra do que, academicamente, reconhece-se como segunda fase de escrita do autor. Dessa forma, debrucei-me sobre ensinamentos relativos à vida humana e à língua portuguesa, que diga-se de passagem é bem explorada na obra.  Tomada de tamanha autentic

O filho de mil homens, Valter Hugo Mãe | Resenha

Essa é a primeira leitura que faço de um texto do Valter Hugo Mãe, famoso autor português nascido em moçambique - risos -. Ouço muito sobre ele, mas não tinha lido nenhuma de suas obras até encontrar em uma visita seguida de uma curiosa investigação na estante de livros da minha tia,  esse exemplar da foto acima - edição da Cosacnaify, estampada com a obra “Aldeia”, de Marina Rheingantz  -. Pedi que ela  me emprestasse e ela exclamou que era um livro bom. Logo após a virada do ano debrucei-me nessa leitura . A obra é marcada pelo que eu acredito ser o estilo de Valter Hugo Mãe, a sensibilidade para depositar, por meio da escolha de palavras, um profundo sentimento humano. Tudo é dito de forma pouco convencional, o que causa reflexão do início ao fim do texto. O autor cata palavras e as agrupa para transmitir sentimentos profundos, gerando reflexão a cada frase.  “O filho de mil homens” é um retrato do que eu chamaria de problemas criados pela espécie humana após o desenvolvimento da so

Harry Potter e a pedra filosofal, J.K. Rowling | Resenha

nota: 8,5/10 J.K. Rowling foi uma das autoras que eu mais ouvi falar na minha infância e adolescência. Eu nasci exatamente no "bum" da era da saga Harry Potter, a qual mudou a vida da escritora britânica que se já foi amada, os internautas desconhecem.  No início da minha adolescência, por volta de 2014, eu cheguei a ver todos os filmes da saga e li alguns livros, porém, não por completo. Eu lia partes de livros que eu via do Harry Potter e isso foi muito ruim, porque depois de ver os filmes perdi um pouco o interesse pelos livros e daí foi um caminho sem volta. No ano de 2020 me interessei por ler e tentei começar por aqui mas já adianto que não vou continuar. O livro é muito bom, bem parecido com o filme, para ser sincero. Obviamente, não se coloca todos os detalhes da narrativa bem feita de Rowling em minutos de filme, porém, o enredo não apresenta grandes divergências ou perdas que comprometam a qualidade da estória. Daí, eu realmente lia e ficava preso às minhas lembranç

A peste, Albert Camus - Resenha

Nota 7.5/10 A peste de Albert Camus, mencionada como profética pelo escritor Ailton Krenak em seu ensaio sobre a pandemia “O futuro não está à venda”, 2020, é uma obra necessária para a construção do senso crítico na sociedade contemporânea, a qual, equivocadamente permite atividades como a economia tornem-se discutíveis a maior importância comparada à vida da espécie humana.    “O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância e a boa vontade, se não for esclarecedora, pode causar tantos danos quanto a maldade...sendo o vício mais desesperado o da ignorância que julga saber tudo e se autoriza, então, a matar”. Durante a leitura, pensei diversas vezes sobre o conceito e a prática da justiça. Qual seria o ideal? Privar muitos para que a felicidade seja de todos, ou permitir a felicidade individual com liberdade para que cada um faça o que achar necessário? Isso, obviamente, fora do contexto constitucional contemporaneamente instituído e aplicado, assim como aos conceitos rela

Frankenstein ou o Prometeu moderno, Mary Shelley | Resenha

Nota: 10/10 F rankenstein  é resultado de um conjunto composto pela intelectual e sentimentalmente defasada educação paterna oferecida à Mary Shelley, devaneios noturnos, conversas sobre a criação da vida e uma crítica impositora à Percy Shelley, marido da autora. Diante desses fatores, surge, durante um verão recluso pelas péssimas condições climáticas na Suíça, a obra que revolucionou a literatura mundial e que coleciona admiradores 200 anos após sua primeira publicação. O exemplar da coleção de Clássicos da Penguin Companhia, 417 páginas, inicia-se com um texto que apresenta um estudo detalhado feito pelo inglês Maurice Hindle, Ph.D. em literatura pela University of Essex, com uma biografia sobre a autora, apresentando as perspectivas que fizeram Mary escrever a obra, a influência e as interferências do marido da autora e as partes que sofreram alterações durante as republicações. Nesse estudo, o leitor também é apresentado aos pensamentos de filósofos, de cientis

O livro de almas, Igor Quadros | Resenha.

Nota 5/10 Antes de compartilhar minha opinião sobre o livro gostaria de lembrar que cada leitor tem uma experiência ao ler determinada obra e que, o que é muito bom para um pode ser ruim para outro. Mas afinal, o que seria da literatura se não fossem os leitores com opiniões diferentes sobre um mesmo texto? Ao ver a capa, o título e a sinopse do livro me encantei. Procurei saber sobre o autor nortenho, Igor Quadros, e recebi um exemplar do livro, que foi publicado pela editora Novo Século com o selo de Novos Talentos da Literatura Brasileira, para resenhar em meu antigo blog que foi desativado há alguns anos. Criei muitas expectativas sobre a leitura, as quais contribuíram para o tamanho da minha frustração. O início é empolgante e, apesar de trazer cortes de cena entre os capítulos, os quais têm frequência esquecida no resto da obra, a premissa da narrativa prende o leitor. Com o passar das páginas, os acontecimentos vão se tornando comuns, previsíveis. Nenhum fato sur

A mulher que escreveu a Bíblia, Moacyr Scliar | Resenha

Nota: 8/10   M oacyr Sclia r , autor de contos, romances e ensaios literários ( resenhas de outros livros do autor ) escreveu “A mulher que escreveu a bíblia” a partir da hipótese publicada no livro “The book  of  J”, do professor e crítico literário estadunidense Harold Bloom:   “Em Jerusalém, há quase três mil anos, alguém escreveu um trabalho que, desde então, tem formado a consciência espiritual de boa parte do nosso mundo [...].    Não era um escriba profissional, mas antes uma pessoa altamente sofisticado, culta e irônica, destacada figura da elite do rei Salomão[...]; uma mulher, que escreveu para seus contemporâneos como mulher.”   É uma ficção bem construída. Conta a história de um jovem, que por influência paterna graduou história e, que, por vocação e pelo destino, tornou-se terapeuta de vidas passadas. Diante disso, o exitoso profissional, o qual não era formado em psicologia, nem medicina, recebe de sua paciente um texto sobre uma de suas vidas pas

O Advogado, Jhon Grisham | Resenha

Nota: 9/10 J hon Grisham , autor de vários romances ambientados no meio jurídico, é o autor de "O advogado", sua nona publicação literária, publicada em 1998. O livro narra a mudança na vida de Michael Brock, um promissor advogado, sócio de um renomado escritório de advocacia em Washington D.C, que, surpreendentemente, larga sua promissora carreira como advogado tributário e empresarial privado e se torna um defensor daqueles que são, forçadamente, ignorados na sociedade. Branco, jovem, futuro sócio sênior da Drake & Sweeney, dedicado quase que 100% ao trabalho, sem tempo para muitas coisas, casado com uma neurocirurgiã e permeado por privilégios econômicos e sociais. Assim era a vida do personagem principal do livro, até que, uma tarde traumática lhe fez enxergar novas perspectivas e reorganizar suas necessidades, transformando seu presente, futuro e ressignificando seu passado. O livro apresenta uma perspectiva social de extrema relevância aos profissiona

Max e os felinos, Moacyr Scliar | Resenha

                                                                   Nota: 9/10 G ostaria de iniciar deixando claro que não quero, nem posso, opinar sobre a tão polêmica questão que esse livro carrega porque não li “As aventuras de Pi”, porém, acredito em coincidências assim como em plágios, mesmo que cometido por autores dos países do “primeiro mundo”. Além disso, deixo claro meu apoio ao autor que expressa, no início do livro, sua indignação, apenas, com a falta de consideração pela ideia inspiração não mencionada em “As aventuras de Pi”. O livro é muito curto. Vou iniciar pontuando esse único defeito que acabou me provocando um desconforto diante de um enredo tão incrível e bem construído que poderia ser estendido de 100 para umas 200 páginas. O primeiro ponto que me fez gostar tanto da obra é a maneira como o autor representou, pela visão de Max, a formação de ideologias de caráter autoritário e antidemocrático no mundo no século passado. Muitas vezes, durante as aula