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Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade | Resenha

Dedicado ao jornalista e poeta Américo Facó e intitulado com um oxímoro, o compilado de poemas de Carlos Drummond de Andrade nos coloca em uma posição de sentimentalismo profundo sob reflexões da condição humana. Escrito e publicado em um período de grandes movimentos político-ideológicos no Brasil e no mundo, nessa coletânea, os poemas de Drummond se apresentam carregados por cansaço, desilusão e angústia, pela realidade humana e por estruturas textuais tão pessoais que proporcionam uma acentuação da proximidade entre o leitor e o eu-lírico. Há alguns anos li partes do Sentimento do Mundo (1941) e esse ano pretendo ler Confissões de Minas (1944). De Claro Enigma (1951), o poema que mais gostei foi “perguntas”, sem dúvidas, o texto que achei mais profundo e que me levou a reflexões transformadoras. Recomendo bastante a leitura, ainda mais como eu fiz, lendo poucos poemas por dia para deixar espaços de tempo entre um e outro, além de ler concomitante a outros livros. O autor, que nasce

O novo velho clássico infinito | Poema

O novo velho clássico infinito O óbvio é tão absurdo que dói. Dói em ser visto, escutado, tocado. É igual e inconscientemente imaginam. Faltam forças para denunciar. Desconforta o espinho rasgando a pele, Mesmo que rapidamente, Agonia. Mas não torna cotidiano. É inacreditável. Tamanha falta de... “ Não sei definir, mas quando ver, sei identificar”. O padrão do clássico hierárquico domina, A ordem reprodutivamente passada. Segue o compasso da melodia do sei lá quem criou. O resto é só a ilusão de viver o novo velho clássico, Repetidas vezes, Infinitamente. No vai e vem. - Victor Wallace. Este poema e imagem são autorais, cópias ou publicações sem referência são consideradas ilegais. Publicação: 02/07/2020               

Parecer-me-ei, Victor Wallace | Poema

 Parecer-me-ei Passa, Desaparece, Modifica, Some, O tempo. Passa, Desaparece, Modifica, Some, A matéria. Não passa, Não desaparece, Não modifica, Não some, O conceito. Ela era fechada. Não a identificavam. Será que desabrocharia? Todos se questionavam. O que te prendes? Perguntavam. Tens alergia, Medo, Pavor, De inseto? Mas ela se privava do contato, Não respondia. Privava-se da humilhação, Do sim e da negação. Ensinava-a como viver um, Ensinava-a como agir o outro, E o outro, E um outro. O poder que lhes conferiram era usado, Lhes, a sociedade. Gozavam de superioridade, Usurpavam-na. Feriam-na. Ela gastava só o necessário. Reduzia para não oxidar. Abriu mão do parecer, Para ser. - Victor Wallace Este poema e imagem são autorais, cópias ou publicações sem referência são consideradas ilegais. Publicação: 20/05/2020                

Devanear-me-ei, Victor Wallace | Poema

Devanear-me-ei Eu pensava, Pensava todos os dias. Todas as horas dos dias. Todos os minutos das horas dos dias. Todos os segundos dos minutos das horas dos dias: Como conseguiria? Como eu, só naquele espaço, Naquele pequeno espaço, Espaço com poucas oportunidades, Conseguiria aprender? Como conseguiria? Entre um traço e outro eu enxergava. E pensava sobre o que enxergava. O que todos haviam aprendido? Injustiça natural, Natural injustiça. Uns praticavam e eu só podia imaginar. Só podia devanear-me da sensação: Meu esqueleto poroso e leve, Minha gordura, Minha pele, Minhas penas, Batendo como o coração e acalorando minha imaginação. Eu me perguntava:  Como conseguiria? Sentia necessidade de estar preparado. E se a oportunidade surgisse, Como conseguiria? Um dia surgiu. Tanto pensei, Tanto mentalizei, Tanto sonhei. O espaço surgiu, Surgiu entre os traços. Sem me ensinar, a vida me oportunizou. Depo