Nota 7.5/10
A peste de Albert Camus, mencionada como profética pelo escritor Ailton Krenak em seu ensaio sobre a pandemia “O futuro não está à venda”, 2020, é uma obra necessária para a construção do senso crítico na sociedade contemporânea, a qual, equivocadamente permite atividades como a economia tornem-se discutíveis a maior importância comparada à vida da espécie humana.
“O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância e a boa vontade, se não for esclarecedora, pode causar tantos danos quanto a maldade...sendo o vício mais desesperado o da ignorância que julga saber tudo e se autoriza, então, a matar”.
Durante a leitura, pensei diversas vezes sobre o conceito e a prática da justiça. Qual seria o ideal? Privar muitos para que a felicidade seja de todos, ou permitir a felicidade individual com liberdade para que cada um faça o que achar necessário? Isso, obviamente, fora do contexto constitucional contemporaneamente instituído e aplicado, assim como aos conceitos relativos à saúde coletiva.
O livro apresenta de forma figurativa a peste bubônica e de forma implícita o fascismo, análise a qual eu fui previamente informado por resenhas lidas anteriormente à leitura do livro. Interpretação essa que, no princípio, pensei ser extrapolação ao texto, porém, que, posteriormente, permitiu-me uma experiência mais rica, sobretudo com uma leitura investigativa, na qual percebi em diversos momentos a presença dos traços para a identificação da analogia ao fascismo.
Mas você deve estar se perguntando: qual a relevância de mencionar uma interpretação que pode ser extrapolação? Em primeiro lugar, esse não seria um artigo de opinião explícita se não a tivesse. Em segundo lugar, relacionar a peste com o fascismo nos faz questionar se o fechamento dos portos da cidade, por exemplo, foi uma medida imersa por autoritarismo ou não, haja vista a decisão exclusiva da administração pública sem nenhuma medida analisada e/ou defendida por autoridades científicas, assim como questionar se o Estado, na posição de um Juiz, pode decidir quando cessar a vida de alguém, além da utilização de medidas alimentares semelhantes às implementadas pelos regimes nazifascista durante a segunda guerra mundial.
Apesar de, em diversos momentos, sentir-me confuso por estar vivendo, em partes, o mesmo sentimento expresso no livro, senti dificuldade em imaginar tamanha falta de estrutura para o “combate”, ou melhor, para o enfrentamento da crise sanitária que os cidadãos de Oran tiveram, principalmente nos âmbitos que se referem à legislação da liberdade e às medidas profiláticas regidas pela comunidade científica, as quais atualmente encontram-se em um grau de organização muito maior do que o narrado na obra.
“Mortos não podem usufruir da liberdade. Não se ache no direito de defender atitudes individuais ou coletivas que coloquem a liberdade de outros em risco”.
E quando comparamos essa realidade que nos foi apresentada à nossa contemporaneidade sentimos, talvez equivocadamente, um alívio em percebermos que, hoje, a saúde pública é normativa, logo, existe um poder enorme por trás das autoridades científicas da saúde. E, sobretudo que temos o Direito com o dever de assegurar que essa saúde seja preservada e uma pessoa, ou um grupo, não tenham o poder moral de descumprir as regulamentações de quarentena e/ ou isolamento social estipuladas por outras estruturalmente superiores instituições.
Por fim, em alguns momentos achei a leitura “maçante”, mas mesmo assim recomendo-a para todos, porém, ressalvo que aqueles que se encontram mentalmente muito abalados com a pandemia que enfrentamos (COVID-19, 2020) deixe a leitura para um momento de menos infortúnios humanitários, ou não.
It sounds a great reading!
ResponderExcluirThank you for recommendations!
A hug!
Vitor Vc me segue e a imagem é de um elefantinho? Li seus comentários e gostei de como observou todos os detalhes, do layout a meus textos.
ResponderExcluirObrigada pela visita e volte sempre.
Vou ver se acho sua lista de seguidores para segui_ lo também pq no celular não vejo muita coisa.
Beijos sabor carinho e uma noite de terça-feira de paz
Donetzka
Seguindo vc, Victor. Só lembre de comentar no meu blog se a imagem de seu perfil não é sua foto e, sim, uma imagem de elefantinho, Ok?
ResponderExcluirVolte sempre. Retornarei p comentar seus posts qdo estiver no laptop.
Donetzka ou Done p os amigos.
Oi, Victor. Como vai? Eu já li livros de Albert Camus e gostei do que li, embora esperasse mais. Este aí eu não li, contudo já me interessei por lê-lo, mesmo sabendo que a leitura é maçante em certos momentos. Provavelmente é uma característica de sua escrita, pois os livros que eu li deste autor, também foram maçantes em algum momento da narrativa. Ainda bem que gostou e indicou a leitura deste livro. Para ser sincero eu não me importo se a leitura é um pouco maçante, claro que o ideal é não acontecer esta situação numa narrativa, mas acontece frequentemente em certas obras, principalmente em livros clássicos. Parabéns pela resenha, pois ficou incrível, e obrigado pela indicação. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Ótima indicação, fiquei interessada pela leitura, acho que a comparação com nosso atual cenário é inevitável.
ResponderExcluirBeijos
http://www.leiapop.com/
Thank you very much for such a wonderful review! At one time, Camus's "Plague" made an indelible impression on me.
ResponderExcluirQue resenha excelente,amigo Victor! Você é mesmo o da imagem do elefantinho que me segue e eu a você.
ResponderExcluirLi e já deu vontade de comprar e ler,bem atual. Adorei!
Obrigada pelas visitas e volte sempre!
Tem post novo hoje,dia 31 de outubro.
Beijos sabor carinho e uma noite de sexta_feira abençoada
Donetzka
Blog Magia de Donetzka
É... acho que deixarei essa leitura para outro dia... rs Eu não estou preparada para ler a respeito dessas coisas no momento. Por enquanto, apenas estou vendo uma série ou outra, mas livros na temática ainda não rola.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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Nossaaa. Eu DETESTEI essa obra, e olha que eu queria muito ler outros livros do Camus, mas A Peste me deixou sem esperanças de encontrar algo melhor. Sério, fiquei muito surpresa quando vi no Instagram que você avaliou essa em 7,5. Vim até correndo pra ler quando vi essa note. Mas enfim, já esperando mais dicas e resenhas aqui!
ResponderExcluirE eu criei essa nova conta porque perdi a outra, acho que já tinha comentado com ela antes, essa é nova.
Olá!
ResponderExcluirComo você está? Espero que esteja bem.
Eu ainda não conheço a obra, mas sua resenha me lembrou bastante do livro Ensaio Sobre a Cegueira. Achei a temática interessante e atual. Obrigada pela dica.
Beijão!
Lumusiando
Gostaria de vos desejar um feliz Natal pessoalmente. Não o podendo fazer, resta-me desejar-vos muita saúde. Um Natal tranquilo sem sobressaltos...extensivo aos vossos familiares e amigos. Que todos tenhamos a noção de que o perigo nos prossegue e espreita em cada esquina. Voltarei dia 27. Sory, pelo copy-past.
ResponderExcluir.
É OUTRA VEZ NATAL...
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Beijo. Uma excelente semana, e Boa Festas.