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Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade | Resenha


Dedicado ao jornalista e poeta Américo Facó e intitulado com um oxímoro, o compilado de poemas de Carlos Drummond de Andrade nos coloca em uma posição de sentimentalismo profundo sob reflexões da condição humana. Escrito e publicado em um período de grandes movimentos político-ideológicos no Brasil e no mundo, nessa coletânea, os poemas de Drummond se apresentam carregados por cansaço, desilusão e angústia, pela realidade humana e por estruturas textuais tão pessoais que proporcionam uma acentuação da proximidade entre o leitor e o eu-lírico. Há alguns anos li partes do Sentimento do Mundo (1941) e esse ano pretendo ler Confissões de Minas (1944). De Claro Enigma (1951), o poema que mais gostei foi “perguntas”, sem dúvidas, o texto que achei mais profundo e que me levou a reflexões transformadoras. Recomendo bastante a leitura, ainda mais como eu fiz, lendo poucos poemas por dia para deixar espaços de tempo entre um e outro, além de ler concomitante a outros livros. O autor, que nasceu em Itabira, cidade no interior de Minas Gerais - cuja riqueza em minério de ferro dá origem ao nome do município com um sinônimo de “pedra que risca vermelho” - nos deixou obras com escrita marcante, desconfortável e, por vezes, prazerosa. Recomendo muito a leitura.



Comentários

  1. Uma partilha fantástica. Adorei :))
    -
    Já me cruzei num tempo orvalhado
    *
    Um excelente(feriado) dia de Portugal
    Beijos

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  2. Boa tarde,


    Eu ainda não li nada do autor, mas quero muito conhecer a escrita do autor e esse livro é uma boa pedida.

    Abraço.


    https://devoradordeletras.blogspot.com/

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