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O amanhã não está à venda, Ailton Krenak | Resenha

O ensaio apresenta as perspectivas críticas de um indígena sobre o atual cenário político e social em que vivemos. Ailton Krenak, também autor de “O lugar onde a terra descansa” e de “Ideias para adiar o fim do mundo”, escreveu e publicou esse texto durante a pandemia (covid-19), apresentando algumas de suas reflexões e análises. Nas linhas, o autor dispõe as perspectivas que colocou seu povo em isolamento do mundo, o qual não podia “parar”, até a assustadora chegada do corona vírus entre 2019 e 2020.


Carregando a tese de que a pandemia que enfrentamos, na verdade, não passa de uma crise do sistema em que vivemos, ou melhor: “diante da iminência da Terra não suportar nossas demandas” vivemos um enorme problema paralelamente às outras espécies, as quais, contrário ao que sempre aconteceu, não são prejudicadas pelo mesmo mal, o texto se destaca por sua perspectiva social, assim como outros trabalhos do autor.


Nas entrelinhas, o autor questiona o termo humanidade, que não unifica nem descarta segregações para definir subespécies (quilombolas, índios e caiçaras) e afirma que devemos repensar sobre ser humano, sobretudo, como verbo e adjetivo, chegando a afirmar que não fazemos falta para a biodiversidade e precisamos abandonar o antropocentrismo e olhar para a vida que há além da nossa, diminuindo o capital egoísta que nos cerca.


De tudo, a reflexão mais relevante ou uma das mais importantes levantadas no texto é a apresentação de um paralelo para explicar que a economia é uma atividade inventada pelos humanos e, apesar de muitos representantes políticos e líderes econômicos afirmarem que ela não pode parar, sustentando a ela um poder maior ao que de real fato é, ela deve estar  abaixo dos humanos, sendo estes os mais importantes e necessários de proteção.

Nota: 9/10


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