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Parecer-me-ei, Victor Wallace | Poema

 Parecer-me-ei Passa, Desaparece, Modifica, Some, O tempo. Passa, Desaparece, Modifica, Some, A matéria. Não passa, Não desaparece, Não modifica, Não some, O conceito. Ela era fechada. Não a identificavam. Será que desabrocharia? Todos se questionavam. O que te prendes? Perguntavam. Tens alergia, Medo, Pavor, De inseto? Mas ela se privava do contato, Não respondia. Privava-se da humilhação, Do sim e da negação. Ensinava-a como viver um, Ensinava-a como agir o outro, E o outro, E um outro. O poder que lhes conferiram era usado, Lhes, a sociedade. Gozavam de superioridade, Usurpavam-na. Feriam-na. Ela gastava só o necessário. Reduzia para não oxidar. Abriu mão do parecer, Para ser. - Victor Wallace Este poema e imagem são autorais, cópias ou publicações sem referência são consideradas ilegais. Publicação: 20/05/2020                

O livro de almas, Igor Quadros | Resenha.

Nota 5/10 Antes de compartilhar minha opinião sobre o livro gostaria de lembrar que cada leitor tem uma experiência ao ler determinada obra e que, o que é muito bom para um pode ser ruim para outro. Mas afinal, o que seria da literatura se não fossem os leitores com opiniões diferentes sobre um mesmo texto? Ao ver a capa, o título e a sinopse do livro me encantei. Procurei saber sobre o autor nortenho, Igor Quadros, e recebi um exemplar do livro, que foi publicado pela editora Novo Século com o selo de Novos Talentos da Literatura Brasileira, para resenhar em meu antigo blog que foi desativado há alguns anos. Criei muitas expectativas sobre a leitura, as quais contribuíram para o tamanho da minha frustração. O início é empolgante e, apesar de trazer cortes de cena entre os capítulos, os quais têm frequência esquecida no resto da obra, a premissa da narrativa prende o leitor. Com o passar das páginas, os acontecimentos vão se tornando comuns, previsíveis. Nenhum fato sur

Devanear-me-ei, Victor Wallace | Poema

Devanear-me-ei Eu pensava, Pensava todos os dias. Todas as horas dos dias. Todos os minutos das horas dos dias. Todos os segundos dos minutos das horas dos dias: Como conseguiria? Como eu, só naquele espaço, Naquele pequeno espaço, Espaço com poucas oportunidades, Conseguiria aprender? Como conseguiria? Entre um traço e outro eu enxergava. E pensava sobre o que enxergava. O que todos haviam aprendido? Injustiça natural, Natural injustiça. Uns praticavam e eu só podia imaginar. Só podia devanear-me da sensação: Meu esqueleto poroso e leve, Minha gordura, Minha pele, Minhas penas, Batendo como o coração e acalorando minha imaginação. Eu me perguntava:  Como conseguiria? Sentia necessidade de estar preparado. E se a oportunidade surgisse, Como conseguiria? Um dia surgiu. Tanto pensei, Tanto mentalizei, Tanto sonhei. O espaço surgiu, Surgiu entre os traços. Sem me ensinar, a vida me oportunizou. Depo

A revolta da sucata, Laura Bergallo | Resenha

Nota:8/10 A revolta da sucata é uma das obras que eu recebi há alguns anos dos próprios autores para resenhar no meu antigo blog, o qual acabai abandonando.  A escritora fluminense, Laura Bergallo, premiada em 3° lugar na categoria juvenil do Prêmio Jabuti de 2007 com a obra Alice no espelho, escreveu o esse livro que foi publicado na coleção Ecoar, pela editora Garamond. O texto inicia-se com uma frase do economista Tim Jackson sobre o consumo na contemporaneidade, frase que já   contextualiza o leitor no conceito da   obra:   “ Estamos sendo persuadidos a gastar o dinheiro que não temos, com coisas que não precisamos, para criar impressões que não duram, em pessoas com as quais não nos importamos.”   A estória contada se passa em abril de 2020 (por coincidência, período em que eu reli a obra) e tem o enredo voltado sobre a revolta de aparelhos e sistemas tecnológicos vítimas do desenfreado descarte provocado pelo consumismo contemporâneo.   Apesar de ser u

A mulher que escreveu a Bíblia, Moacyr Scliar | Resenha

Nota: 8/10   M oacyr Sclia r , autor de contos, romances e ensaios literários ( resenhas de outros livros do autor ) escreveu “A mulher que escreveu a bíblia” a partir da hipótese publicada no livro “The book  of  J”, do professor e crítico literário estadunidense Harold Bloom:   “Em Jerusalém, há quase três mil anos, alguém escreveu um trabalho que, desde então, tem formado a consciência espiritual de boa parte do nosso mundo [...].    Não era um escriba profissional, mas antes uma pessoa altamente sofisticado, culta e irônica, destacada figura da elite do rei Salomão[...]; uma mulher, que escreveu para seus contemporâneos como mulher.”   É uma ficção bem construída. Conta a história de um jovem, que por influência paterna graduou história e, que, por vocação e pelo destino, tornou-se terapeuta de vidas passadas. Diante disso, o exitoso profissional, o qual não era formado em psicologia, nem medicina, recebe de sua paciente um texto sobre uma de suas vidas pas