Devanear-me-ei Eu pensava, Pensava todos os dias. Todas as horas dos dias. Todos os minutos das horas dos dias. Todos os segundos dos minutos das horas dos dias: Como conseguiria? Como eu, só naquele espaço, Naquele pequeno espaço, Espaço com poucas oportunidades, Conseguiria aprender? Como conseguiria? Entre um traço e outro eu enxergava. E pensava sobre o que enxergava. O que todos haviam aprendido? Injustiça natural, Natural injustiça. Uns praticavam e eu só podia imaginar. Só podia devanear-me da sensação: Meu esqueleto poroso e leve, Minha gordura, Minha pele, Minhas penas, Batendo como o coração e acalorando minha imaginação. Eu me perguntava: Como conseguiria? Sentia necessidade de estar preparado. E se a oportunidade surgisse, Como conseguiria? Um dia surgiu. Tanto pensei, Tanto mentalizei, Tanto sonhei. O espaço surgiu, Surgiu entre os traços. Sem me ensinar, a vida me oportunizou. Depo